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Do RPG ao METAVERSO. Nasce uma Escritora.


Há exatos 44 anos, eu entrava pela primeira vez na Redação de um jornal –

O Globo, no Rio de Janeiro, para trabalhar como estagiária na cobertura das Eleições Gerais no Brasil. O pleito definiria a formação do Congresso Nacional, entre os dois únicos partidos existentes: ARENA e MDB, respectivamente aliados dos militares e opositores. Falo da 46ª legislatura (1979 -1983), a partir do chamado Pacote de Abril, do Governo do General Ernesto Geisel, que previa 22 vagas para o Senado e 420 para a Câmara Federal, além de garantir mais 22 cadeiras no Senado para os aliados do Governo Militar. O pacote de abril de 1977 mantinha a eleição indireta para governadores e prefeitos e, para assegurar maioria à ARENA no Congresso Nacional, criou o senador biônico, eleito da mesma forma indireta, por um Colégio Eleitoral, e ampliou as bancadas dos estados menos populosos na Câmara dos Deputados. Tudo isto, segundo os idealizadores do Pacote, para “garantir uma abertura política lenta, gradual e segura”.


Na minha estreia, eu apenas apurava a notícia, na frente de batalha, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Mandava os dados e fatos por um motoqueiro do jornal, que passava de tempo em tempo recolhendo as informações. E eu vibrei só de olhar os números que enviei para a Redação e os fatos que assistia, formatados por um redator e publicados nas páginas de um dos maiores jornais do país. Os olhinhos da menina, que cursava o primeiro ano de Jornalismo na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, brilharam.


Mas o luxo veio mesmo três anos depois, em junho de 1981, quando entrei na Redação do Jornal de Brasília. Cheia de energia, saindo da faculdade, ousada e querendo mudar o mundo com a minha escrita. Depois do estágio em O Globo e ter tido a chance, antes de formada, de editar a Revista do Conselho Nacional do Petróleo, durante poucos meses, mas o suficiente para comandar a edição especial do lançamento Pró-ácool no Brasil, entrar na Redação do JBr, profissionalmente foi a cereja do bolo. Até porque, minha primeira pauta foi cobrir a entrevista coletiva do presidente do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), general Oziel Almeida Costa, sobre o novo aumento dos combustíveis. Sensacional! Pedi demissão do CNP de manhã, para o próprio general, que me ofereceu um cargo para continuar na Assessoria de Imprensa do órgão ao qual eu agradeci, mas não aceitei. Não nasci para os cargos públicos. Bem que ao longo dos meus 41 anos de carreira tentei, em alguns momentos, trabalhar para o Governo. Ou melhor dizendo, para a população brasileira. Que é o certo! Mas entendi logo, quando passei no concurso de 1981 de Revisor do Diário Oficial da União, que não daria certo nesta função. Minha participação neste processo seria de outra forma.


Tomei posse de manhã, passei o dia no DIN – Departamento de Imprensa Nacional, na época comandado por militares, e às 18 horas, sob o olhar espantado do chefe e dos colegas, que disputaram a vaga no concurso a tapa, pedi demissão. Assim me despedi de ser uma promissora funcionária pública, com aposentadoria garantida, para ser uma rebelde jornalista. Nascia ali, a escritora que eu sonhara desde criança.


Fiquei muito feliz de entrar na Redação do JBr naquela manhã de junho de 1981. O Jornal era tido como uma grande escola para a carreira. E eu estava bem ali, com olhinhos atentos e brilhantes, topando tudo. Exatamente como me encontro agora, neste fim de tarde de junho de 2022, tendo nas mãos meu primeiro livro, o romance NEM ÀS PAREDES CONFESSO, autobiografia de ficção, com trilha sonora, que abriu pré-venda, pelo site da Editora portuguesa Chiado Books neste último dia de maio. Tudo é muito novo para mim.


Graças a tecnologia, não estamos mais presos única e exclusivamente às páginas impressas dos jornais e dos livros. Os tempos de pandemia mudaram mais ainda a relação com o papel. No início de 2020 as perguntas eram: Como ler os impressos sem a paranoia da contaminação? De luvas, máscara e sem tocar o rosto? E quem faz parte do grupo de risco, tem mais de 60? Danou-se?


Nada disso! Estamos com toda a informação em nossas mãos sem precisar de álcool gel e luvas. Sentados em casa, há mais de dois anos, podemos escolher entre Fakes e News, livro impresso ou digital, chegando pelo e-mail ou entregue fisicamente pelos Correios. Música, filmes e séries pelos streams e descarregados em ecrãs de bolso ou de dezenas de polegadas. A tal da “gripezinha” provou que é avassaladora e fez o mundo aprender a se reinventar. Pelo caminho deixamos amigos e pessoas muito, mas muito queridas.


A minha mãe se foi com a COVID na virada de 2020 para 2021 e não vai estar presencialmente no lançamento de NEM ÀS PAREDES CONFESSO. Mas como sempre acreditei na “tecnologia divina” estará lá. No metaverso que envolve a minha estreia como escritora. Nesta Second Life que construí ao longo da vida real e que agora materializei num trabalho que junta pela primeira vez a leitura no papel a uma trilha sonora sem grandes sofisticações fazendo deste tipo de literatura uma experiência sensorial única.


Esta história me fez rir e chorar. Me diverti e sofri para que a escritora nascesse. O livro ficou pronto em 2013. E só agora chega ao público, do jeitinho que eu imaginei e com a ajuda de muita gente que entendeu o que eu queria dizer, da forma que eu queria falar. Tem som, imagem, arte tangível e intangível. No tempo dos NFTs, em que o único tem cada vez mais valor, ao mesmo tempo em que a Globalização iguala geral, e no vislumbramento da Web 3, foi muito importante jogar muito RPG, lá na década de 80, para entregar este livro que embrulhamos para o público com tanto carinho sem distinção de idade, cultura e informação. Nossa intenção continua a mesma daquela menina de olhinhos brilhantes: falar fácil para corações que acreditam no amor. Gratidão!




 
 
 

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